Quanto eu tiver tudo serei feliz?
Há certas coisas que permeiam o imaginário de
um grande número de pessoas. Uma delas, fruto do machismo misturado com
capitalismo, consumismo e uma dose extra de fantasia alimentada por desenhos
animados é essa: as pessoas, em especial as mulheres, serão muito felizes de se
tiverem muito dinheiro, um bom marido (rico), luxo, fama, uma casa gigantesca.
Isso sem contar o sonho infantil de ser “princesa”.
Nada melhor do que usar exemplos particulares
da vida real para falar daquilo que é geral. Meghan Marke, até então duquesa de
Sussex e casada com o príncipe Harry é uma mulher bonita, famosa, rica que
casou-se com um príncipe, vive com muito luxo, uma fortuna quase sem fim, carros,
motorista, propriedades. Resultado disso tudo: está infeliz. A prova de sua
sanidade é que resolveu fazer algo dessa infelicidade e quer deixar quase tudo
pra trás.
Estou habituado a atender pessoas deprimidas
que dizem não entender o motivo de estarem assim enquanto têm tudo os que
outros sonham. Estou totalmente cansado, no entanto, de ouvir pessoas julgando
a tristeza e a infelicidade alheia (e o pior de tudo, a depressão) quando a
outra pessoa possui tudo o que elas acham ser necessário ter para ser feliz e
não são.
Uma coisa eu tenho certeza: nunca alguém será
feliz dando atenção apenas a bens materiais. A felicidade de um comprar um carro
novo, um Rolex, ou um iPhone de milésima geração dura não mais do que alguns
dias. Logo você vai querer algo melhor e maior – e mais caro. A felicidade de
ter um milhão na conta dura pouco, você terá a “necessidade de ter 2, 3... ou
mais provavelmente, 10 milhões. Quando tiver 10 milhões, não estará feliz.
A felicidade não está em ter tudo. Nós
carregamos desde a infância uma sensação de vazio, de falta. Fato é que nós não
sabemos o que é que nos falta. Justamente por sentirmos que algo nos falta é
que desejamos tantas coisas e buscamos esse objeto mágico que nos trará a
satisfação absoluta. Cada vez que pensamos ter encontrado esse objeto
fundamental que nos faltava, acabamos nos sentindo plenos momentaneamente. Em
seguida percebemos que a falta ainda existe e precisamos de continuar buscando
esse algo.
É somente por essa sensação de incompletude e
de ausência de algo é que desejamos coisas. É porque desejamos que lutamos,
vamos atrás e, com isso,crescemos. Em cada etapa de nossas vidas canalizamos
nossas energias para algo que nos falta e, assim, nos movemos e vamos atrás
dela. Prestamos vestibular, fazemos um curso (ou 2, 3...), namoramos,
separamos, casamos, separamos, casamos de novo, trocamos de emprego, viajamos,
compramos coisas e vamos vivendo. Alguns tentam suprir o vazio com coisas
materiais, outras com religião, outros com fama, vícios etc.
Se há falta, há a tentativa de
suprir essa falta, há desejo. Se não há falta, não há porque desejar algo. O
que ocorre com alguém que consegue tudo aquilo que sonhou? Algumas pessoas
descobrem que aquilo já não é mais suficiente, e aí precisam de mais coisas ou
outras coisas diferentes. Algumas pessoas se vêm na ausência de uma falta e, aí
sim, nasce uma grande angústia e muitas vezes uma sensação de não ter mais propósito
na vida.
Não penso assim mais gostaria de ter o suficiente pra viver sem dividas
ResponderExcluirTe entendo. Dívida é um dos grandes inimigos da saúde mental. Dinheiro ajuda a trazer tranquilidade para nossas vidas. Nos permite a oportunidade de termos acesso à saúde, a alimentos de qualidade, conforto etc. Enquanto alguém tem dívidas não controladas ela se torna escrava do sistema financeiro/agiotas/bancos etc.
ExcluirPor outro lado, acumular grandes riquezas não é a garantia da felicidade plena. Muitas pessoas acumulam dinheiro como se o dinheiro fosse o fim, e não o meio para se ter coisas e, sobretudo, tempo de qualidade com aqueles que amamos.
Abraço!