Depressão tem cura?

Depressão tem cura? Essa é uma dúvida muito pertinente que assombra um enorme número de pessoas, sejam elas pacientes ou familiares de pacientes.

Primeiramente, precisamos definir melhor o termo depressão. Hoje em dia, o termo tem sido usado de forma muito ampla. Depressão é uma daquelas palavras que podem significar várias coisas diferentes, assim como manga significa fruta mas também uma parte da camisa.

Esse termo pode significar a presença de um sintoma, nesse caso a tristeza profunda, sendo portanto quase um sinônimo da tristeza normal, só dela se diferindo pela intensidade. Mas depressão pode sifnificar uma síndrome (um conjunto de sinais e sintomas bastante distintos) que pode ocorrer em uma ampla gama de situações, como uma forma de manifestação de diversas doenças distintas. Por último, o termo depressão pode ser, muitas vezes, usado como sinônimo de um trastorno mental específico (o transtorno depressivo maior) ou como um grupo de transtornos (grupo dos transtornos depressivos incui a distimia, o transtorno disfórico pré-menstrual dentre outros).

Então vamos lá. Tem cura ou não tem? Aí que está a questão,  pois depende de que tipo de depressão estamos falando! Se estamos chamando de depressão a manifestação de tristeza, choros, labilidade emocional, insônia etc. em um contexto no qual o paciente o manifesta de forma reativa e proporcional a um determinado contexto psicossocial (como desemprego ou abuso psicológico crônico), a pessoa não vai melhorar da "depressão" enquanto não resolver a causa. Não há remédio que possa resolver isso. Esses casos são diferentes da "depressão doença", isto é, do transtorno depressivo maior. Se a pessoa tem uma estrutura de personalidade muito dependente e é pedida em divórcio, provavelmente ficará "deprimida", de forma reativa, mas isso não significa um transtorno depressivo.

A "depressão doença", isto é, o transtorno depressivo maior, pode até ser desencadeado por fatores psicossocais. No entanto, ele só é desencadeado, mas não pode ser compreendido a partir dos problemas psicossoais. Mesmo que o problema se resolva, a depressão continua. Essa depressão "verdadeira" costuma se manifestar mesmo em pessoas que não estão passando por nenhum problema pessoal e que se dizem felizes e satisfeitas com a vida que levam.

Um episódio depressivo genuíno (os que ocorrem no transtorno depressivo maior e também no transtonro bipolar), pode ocorrer uma vez na vida ou pode ser recorrente. Eles tendem a durar alguns meses, mas podem se cronificar e passar a durar anos. Quanto mais episódios depressivos a pessoa tiver, maior será a chance de ter outros. Sendo assim, uma pessoa que já teve 3 episódios na vida, tem cerca de 90% de chance de ter um quarto, segundo estudos.

Somente o médico especialista tem condições de decidir por quanto tempo o paciente deve fazer o tratamento. Quando um episódio depressivo é tratado, deve-se tentar, primeiramente, a resolução do quadro e, secundariamente, a prevenção de recaídas e recorrências. Isso é feito mantendo o acompanhamento por um período prolongado, que pode durar cerca deum ano nos casos mais simples até vários anos nos casos complicados e recorrentes.

Quadros depressivos crônicos ou aqueles que são altamente recorrentes exigem tratamento crônico (assim como a hipertensão arterial ou o diabetes). Quadros depressivos reativos (psicogênicos) são tratados primariamente com psicoterapia e não podem ser curados com medicamentos. Quadros depressivos secundários a outras doenças (epilepsia, doença de parkinson, lúpus etc) demandam o controle da doença de base e não só o uso de antidepressivos.

A dica mais importante é essa: tenha um médico de confiança e siga as instruções!

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